Uma das promessas que fiz para 2010 foi não comentar sobre o Big Brother e muito menos sobre política. O que em ano eleitoral é praticamente impossível, mas permaneço tentando. Até porque é máxima que religião, futebol e política não se discutem. E fim.
Porém quero abrir uma pequena exceção para dizer algumas coisas sobre política. Não para me posicionar sobre tal candidato, dizer que alguém é melhor ou pior, tampouco para contar em quem vou votar. Por sorte, no Brasil, declarado Estado Democrático de Direito desde 1988, o voto é secreto e podemos mudar de opinião até no dia da eleição. A única opinião formada que tenho a respeito das eleições de 2010 é de que o próximo presidente do Brasil, homem ou mulher, será alguém feio. E meus comentários sobre política vão um pouco além do feijão com arroz no qual diversos blogs e redes sociais devem se transformar a partir do fim da Copa do Mundo.
Em 2008, aqui em Belo Horizonte, tivemos uma campanha "desigual". Entre aspas. O candidato da situação, apoiado publicamente pela máquina estatal (prefeitura e governo), versus um "azarão" (entre aspas) com tendências populistas. Resumindo a ópera para quem não mora pelas bandas de cá, as eleições foram uma bela troca de ofensas de ambas as partes, uma disputa deselegante na qual as propostas dos candidatos importavam menos do que quem tinha o cacique (ou pinto) maior. Ganhou o candidato da situação.
O parágrafo acima é contestável até certo ponto. Dizer que a máquina administrativa não foi usada nas eleições de BH em 2008 é a mesma coisa que dizer que o céu é flicts. Não quero abrir precedentes para contra-argumentações, ou defesa de tal ou tal pessoa. Principalmente porque as eleições passaram e o prefeito eleito vem conseguindo, dia após dia, mostrar o que ele realmente é: um bosta (fosse 1970 eu seria investigado pelo DOPS). Para quem duvida, sugiro dar uma lida nesse blog. Detalhe: nem vou comentar (ainda) sobre o tanto de casa que passou a ser demolida após a posse do prefeito da união.
Mas voltemos ao fio da meada. Baseado na campanha que vivenciei por aqui, na cidade em que moro, percebi que falta uma coisa à grande maioria dos candidatos: etiqueta. Não estou dizendo que todo mundo para ser candidato deveria frequentar a Socila, e a minha postura de que deveria ter "teste de admissão" para candidato é altamente questionável, uma vez que excluiria os analfabetos e pessoas que não soubessem a tabuada. Porém eu acho (mesmo) que eleição se disputa com elegância, e que a vitória nas urnas deveria ser a celebração do bom combate entre ideias e ideais. Foi pensando nisso que resolvi propor, até porque não achei no Google, um pequeno Guia de boas maneiras para o candidato. Algo mais ou menos assim:
Prezado Candidato, seja muito bem-vindo às eleições deste ano! Torcemos por seu sucesso e confiamos em seu potencial! É a sua participação no pleito que torna possível o exercício da democracia e da cidadania no nosso país. Gostaríamos de lembrar que, para assegurarmos o direito pleno de todos os envolvidos na corrida eleitoral, é preciso que você obedeça a algumas pequenas regras:
1. Seja educado. Ideias brigam, pessoas não. Não esmurre, não bata, não chute a bunda do seu adversário. Nem de brincadeira.
2. Tome banho todos os dias, escove os dentes, use desodorante. Lembre-se: o corpo a corpo é fundamental na campanha.
3. Contrate um marqueteiro. Contrate também um fonoaudiólogo. Se tiver um pouco mais de dinheiro, um stylist também ajuda muito.
4. Economize nos santinhos, nos cartazes com a sua linda foto no poste, nos muros pichados. Se isso funcionasse, Santo Expedito e os skatistas da Praça Sete não perdiam uma.
5. Lembre-se: você tem (ou teve) mãe. Provavelmente tem família. Antes de dizer que o seu adversário é isso ou aquilo, pense se você ficaria confortável se alguém dissesse o mesmo da sua mãe.
6. Não prometa o que não tem condição de cumprir. Faça uma pesquisa e descubra as funções do cargo que você está disputando. Lembre-se: deputado não constrói estrada nem acaba com a fome no Vale do Jequitinhonha.
7. Não faça spam, não faça corrente, não entupa o e-mail do eleitor com as suas propostas e projetos. Existem métodos mais inteligentes do que isso. Volte ao item 3.
8. Não subestime seu adversário. Não o transforme em um bobo só para vencer a eleição. Seja íntegro e saiba ressaltar os seus pontos fortes. Se o marqueteiro insistir em fazer faixas dizendo que o adversário usa fraldão de velho, demita o marqueteiro.
9. Se eleito, você vai representar uma grande parcela da população que confiou em você. Lembre-se disso quando estiver por lá, e não apenas nas próximas eleições.
10. Em caso de derrota, aceite. Daqui a dois anos você pode concorrer de novo. Volte ao trabalho de cabeça erguida e pare de se lamentar.
Finalmente, não se esqueça: você está disputando um cargo de prestador de serviços à comunidade, com a pretensão de defender o interesse coletivo. A sua casa de praia não é interesse coletivo, mesmo que a sua família seja imensa. Lembramos que roubar, desviar dinheiro, fazer ato secreto, esconder dinheiro em meia, são desvios de decoro e podem vir a ser investigados.
No mais, boa sorte! Esperamos ter você conosco no ano que vem!
terça-feira, 4 de maio de 2010
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Dez coisas
Quando comecei o texto anterior pensei fazer apenas uma introdução ao que realmente interessava. Porém o texto fluiu além da conta, e tive de dividir meu pensamento em partes. Então, prezado leitor, considere esse escrito como uma sequência da postagem logo abaixo, ok? Agradecido.
Ano passado ganhei um livro de listas: Os 10 mais. No site dá para o interessado ler algumas páginas da obra. Não vou entrar no mérito de quem tem prazer em fazer listas. Alguém que arruma a bagagem em meia hora (e leva metade da casa sempre, porque pode fazer frio) não faz listas quase nunca. Na verdade as listas que faço são quase sempre de metas a cumprir: anual (que, como disse em um texto anterior, funcionam) e, quando o trabalho aperta, de trabalho a ser feito durante o dia. Só. Lista de supermercado? Se em 2009 fiz três foi muita coisa.
De qualquer modo, é muito interessante ver o grande mercado das listagens. Veja que troquei o termo aqui, porque não me interessam, como disse, as listas. E sim o seu conteúdo. Uma procura básica no Buscapé mandou a lista de 37 (!) livros. Clique no link para ver tudo, aqui copio (e comento) o título de alguns:
1001 maravilhas naturais para ver antes de morrer (de tédio?); 1001 vinhos para beber antes de morrer (de cirrose?); 101 bares para beber antes de morrer (eu já fui a mais de 101 bares); 1000 lugares para conhecer antes de morrer (vem com um passaporte de companhia aérea?); 1001 comidas para provar antes de morrer (precisa mesmo?); 1001 filmes para ver antes de morrer (eu sei quem tem); 1001 discos para ouvir antes de morrer (procurando tem site para baixar todos).
Enfim. Coisa para fazer antes de morrer é literalmente o que não falta. O que pergunto, na verdade é: para quê? Qual vai ser a minha diferença no além-túmulo se eu tiver ido ou não a 1001 lugares, provado 1001 tipos diferentes de comida, fumado 1001 charutos e morrido de enfizema? Se eu for, talvez, a 980 dos lugares que o livro sugere, a minha vida não terá sido perfeita?
Listas de coisas a se fazer são meros reflexos da pressão que a sociedade atual exerce sobre o indivíduo. Um ser humano ordinário, classe média, trabalhando 40h por semana com um salário razoável, a menos que ganhe na Mega Sena e mude de classe social, nunca iria dar conta de viajar para 1001 lugares diferentes (1002 se contarmos aquela fazenda maravilhosa que só você conhece e, claro, não está na lista). Pelo simples fato de se ser "humano" e de ter "contas a pagar". As listas então são apenas elementos de um desejo decorativo. Existem não para ser feitas, e sim para alimentar uma imensa sensação de frustração e incompletude.
Preferível ater-me a metas mais significativas, e plausíveis, e guardar para o planejamento algo mais interessante que viajar a 1001 lugares em clima de excursão. Por exemplo: passar, como fez uma amiga, seis meses na França. Morar lá, viver um tempo. Sou da turma dos que não fizeram intercâmbio no colégio. Vou voltar tendo conhecido um só lugar, porém com certeza mais feliz do que se tivesse pego a excursão CVC Europa completa em 15 dias. Se é para sonhar, que eu sonhe com algo confortável.
Pensando assim resolvi, paradoxalmente, elaborar a segunda lista desse blog. Duas listas em um ano, para quem não faz listas, amedrontam. Segue então, a minha lista de 10 coisas que não quero fazer na vida (com comentários):
1. Viajar para a Índia. Ok, todo mundo tem um amigo que foi à Índia e achou lindo. Deve ser, não duvido. Para os outros. Eu sou muito pró-conforto e antissocial para me meter em um passeio desses. O mesmo se aplica a lugares como Machu Picchu, Marrocos, Serra Pelada e congêneres.
2. Comer cérebro de macaco (ou qualquer iguaria exótica do nível, como gafanhoto, olho de cabra, carne de cachorro etc.). A menos que eu esteja ilhado e que seja a única opção de comida, graças à globalização sempre haverá um Mc Donald’s. Em tempo: já comi escargot e carne de tatu. Bons, os dois.
3. Fumar ópio. Parei de fumar toda e qualquer coisa. O mesmo se aplica a orégano, sálvia, haxixe, vinho de garrafão e qualquer droga que não tenha experimentado na faculdade. Foi-se o tempo, meu barato agora é fluoxetina e diazepan. Só.
4. Comer baiacu. Está em classe separada das comidas exóticas porque teoricamente é um peixe como outro qualquer. Com o diferencial de que um pedaço pode matar. E quer maneira mais boba de morrer do que comendo um peixe?
5. Brincar de roleta russa. Pelos mesmos motivos acima, apesar de eu achar bala na cabeça uma morte mais digna que envenenamento de peixe. Mais suja também, mas isso é problema para a Sunshine Cleaning.
6. Ir pescar no Pantanal. Qualquer atividade que envolva as palavras "acampamento", "céu aberto" e "mosquito" não foi pensada para mim. Incluo na lista aqueles acampamentos de treinamento de guerra e o falecido programa No limite.
7. Zorbing. Não sabe o que é? Vá descobrir.
8. Comprar um trailer. Eu nunca compraria um trailer, eu nunca viajaria em um trailer, eu nunca dormiria em um trailer, eu nunca moraria em um trailer. A menos que esteja passando necessidade. Mas acho que prefiro morar embaixo de uma ponte. Pelo menos é mais Brasil.
9. Abrir uma empresa. Não nasci para administrar o meu dinheiro, que dirá cuidar de funcionário. Meu sonho sempre foi receber, entregar a grana na mão de alguém e dizer "tome conta". Desde que eu tenha um cartão de crédito ilimitado e nenhuma conta a pagar, perfeito.
10. Ter uma fazenda. Apesar de estar no sangue, virei urbano demais para me ver no interior, umas vaquinhas, umas galinhas, uma casa no campo onde eu possa compor muitos rocks rurais. Prefiro guardar meus (poucos) amigos, meus (muitos) discos e livros aqui por perto.
Deveria ter sido incluído o item 11: parir. Mas isso é inerente a todo indivíduo do sexo masculino, e só iria consumir espaço em um texto que acabou ficando grande demais e que deveria também ter sido cortado em duas partes.
Ano passado ganhei um livro de listas: Os 10 mais. No site dá para o interessado ler algumas páginas da obra. Não vou entrar no mérito de quem tem prazer em fazer listas. Alguém que arruma a bagagem em meia hora (e leva metade da casa sempre, porque pode fazer frio) não faz listas quase nunca. Na verdade as listas que faço são quase sempre de metas a cumprir: anual (que, como disse em um texto anterior, funcionam) e, quando o trabalho aperta, de trabalho a ser feito durante o dia. Só. Lista de supermercado? Se em 2009 fiz três foi muita coisa.
De qualquer modo, é muito interessante ver o grande mercado das listagens. Veja que troquei o termo aqui, porque não me interessam, como disse, as listas. E sim o seu conteúdo. Uma procura básica no Buscapé mandou a lista de 37 (!) livros. Clique no link para ver tudo, aqui copio (e comento) o título de alguns:
1001 maravilhas naturais para ver antes de morrer (de tédio?); 1001 vinhos para beber antes de morrer (de cirrose?); 101 bares para beber antes de morrer (eu já fui a mais de 101 bares); 1000 lugares para conhecer antes de morrer (vem com um passaporte de companhia aérea?); 1001 comidas para provar antes de morrer (precisa mesmo?); 1001 filmes para ver antes de morrer (eu sei quem tem); 1001 discos para ouvir antes de morrer (procurando tem site para baixar todos).
Enfim. Coisa para fazer antes de morrer é literalmente o que não falta. O que pergunto, na verdade é: para quê? Qual vai ser a minha diferença no além-túmulo se eu tiver ido ou não a 1001 lugares, provado 1001 tipos diferentes de comida, fumado 1001 charutos e morrido de enfizema? Se eu for, talvez, a 980 dos lugares que o livro sugere, a minha vida não terá sido perfeita?
Listas de coisas a se fazer são meros reflexos da pressão que a sociedade atual exerce sobre o indivíduo. Um ser humano ordinário, classe média, trabalhando 40h por semana com um salário razoável, a menos que ganhe na Mega Sena e mude de classe social, nunca iria dar conta de viajar para 1001 lugares diferentes (1002 se contarmos aquela fazenda maravilhosa que só você conhece e, claro, não está na lista). Pelo simples fato de se ser "humano" e de ter "contas a pagar". As listas então são apenas elementos de um desejo decorativo. Existem não para ser feitas, e sim para alimentar uma imensa sensação de frustração e incompletude.
Preferível ater-me a metas mais significativas, e plausíveis, e guardar para o planejamento algo mais interessante que viajar a 1001 lugares em clima de excursão. Por exemplo: passar, como fez uma amiga, seis meses na França. Morar lá, viver um tempo. Sou da turma dos que não fizeram intercâmbio no colégio. Vou voltar tendo conhecido um só lugar, porém com certeza mais feliz do que se tivesse pego a excursão CVC Europa completa em 15 dias. Se é para sonhar, que eu sonhe com algo confortável.
Pensando assim resolvi, paradoxalmente, elaborar a segunda lista desse blog. Duas listas em um ano, para quem não faz listas, amedrontam. Segue então, a minha lista de 10 coisas que não quero fazer na vida (com comentários):
1. Viajar para a Índia. Ok, todo mundo tem um amigo que foi à Índia e achou lindo. Deve ser, não duvido. Para os outros. Eu sou muito pró-conforto e antissocial para me meter em um passeio desses. O mesmo se aplica a lugares como Machu Picchu, Marrocos, Serra Pelada e congêneres.
2. Comer cérebro de macaco (ou qualquer iguaria exótica do nível, como gafanhoto, olho de cabra, carne de cachorro etc.). A menos que eu esteja ilhado e que seja a única opção de comida, graças à globalização sempre haverá um Mc Donald’s. Em tempo: já comi escargot e carne de tatu. Bons, os dois.
3. Fumar ópio. Parei de fumar toda e qualquer coisa. O mesmo se aplica a orégano, sálvia, haxixe, vinho de garrafão e qualquer droga que não tenha experimentado na faculdade. Foi-se o tempo, meu barato agora é fluoxetina e diazepan. Só.
4. Comer baiacu. Está em classe separada das comidas exóticas porque teoricamente é um peixe como outro qualquer. Com o diferencial de que um pedaço pode matar. E quer maneira mais boba de morrer do que comendo um peixe?
5. Brincar de roleta russa. Pelos mesmos motivos acima, apesar de eu achar bala na cabeça uma morte mais digna que envenenamento de peixe. Mais suja também, mas isso é problema para a Sunshine Cleaning.
6. Ir pescar no Pantanal. Qualquer atividade que envolva as palavras "acampamento", "céu aberto" e "mosquito" não foi pensada para mim. Incluo na lista aqueles acampamentos de treinamento de guerra e o falecido programa No limite.
7. Zorbing. Não sabe o que é? Vá descobrir.
8. Comprar um trailer. Eu nunca compraria um trailer, eu nunca viajaria em um trailer, eu nunca dormiria em um trailer, eu nunca moraria em um trailer. A menos que esteja passando necessidade. Mas acho que prefiro morar embaixo de uma ponte. Pelo menos é mais Brasil.
9. Abrir uma empresa. Não nasci para administrar o meu dinheiro, que dirá cuidar de funcionário. Meu sonho sempre foi receber, entregar a grana na mão de alguém e dizer "tome conta". Desde que eu tenha um cartão de crédito ilimitado e nenhuma conta a pagar, perfeito.
10. Ter uma fazenda. Apesar de estar no sangue, virei urbano demais para me ver no interior, umas vaquinhas, umas galinhas, uma casa no campo onde eu possa compor muitos rocks rurais. Prefiro guardar meus (poucos) amigos, meus (muitos) discos e livros aqui por perto.
Deveria ter sido incluído o item 11: parir. Mas isso é inerente a todo indivíduo do sexo masculino, e só iria consumir espaço em um texto que acabou ficando grande demais e que deveria também ter sido cortado em duas partes.
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