Aí veio o rompante de escrever às garfadas, às braçadas, sem métrica, sem conta, sem revisão. Revisor estraga o texto, falei. E sentar e juntar ideias aos borbotões, como se fosse a hora de enfim regurgitar tudo o que foi engolido e acumulado na forma de gordura abdominal por anos a fio. E pensar. E pensar, e gritar. E pensar, e gritar e ajuntar de novo emaranhados de desenhos e letras e estabelecem um qualquer pensamento incoerente.
Porque hoje fiz faxina em casa. E porque hoje eu vi que precisava de um pouco de silêncio. Silêncio e solidão me fazem reproduzir. As pessoas quando querem que eu faça algo deveriam apenas me trancar em um quarto e fornecer comida e água de três em três horas, olha eu contando minhas manias.
Deveria ou nunca ter parado de fumar ou nunca fumado. Experimentando vontade, mesmo tendo parado há já três anos com recaídas anuais quando viajo. Quando viajo fumo. Aqui em BH vivo em uma zona de não fumantes e fim. Estou na parcela da população que lida bem com isso, sem estresse ou dependência. Só às vezes, como agora, experimentando vontade.
Por outro lado eu deveria voltar a beber antes de recomeçar o regime. 30 de janeiro. Mas tenho uma festa de casamento antes disso. Mas eu devia - devo - me comportar bem. Senão é justa causa. Eu devia, mesmo, tomar um porre e deixar de ser irritante.
Estou irritado. Tudo me irrita. Cheiros irritam. Barulhos alienígenas irritam. Estou com 90 anos em um corpinho de 39. Lucro, talvez? O corpinho de 39, claro, deveria voltar aos 34 originais. Tudo bem que a moça do colégio tirou dez anos de mim fácil, apesar do cabelo branco que herdei dos dois lados da família.
Pois é, não tenho a quem puxar cabelo preto. Grisalho desde novo no sangue. Parei de pintar cabelo em 2006. Já foi preto, vermelho, roxo. Agora é a cor que ele quiser.
Continuo irritado e careta. Não mostro a língua no espelho - para mim mesmo - tem 357 dias, e contando. Para os outros tem bem menos, porque mostro língua no trabalho. E falo palavrão, e canto funk para assustar a bibliotecária.
Não sei se gosto de funk, preciso ir a um baile e confirmar. Gosto de samba, queria ir ao sambódromo de novo. É bom para gritar muito, dizem que parece partida de futebol. Nunca fui a uma partida de futebol. 34 anos e não conheço o Mineirão por dentro. E já riram da minha cara quando eu achava que o povo assistia o jogo sentado. Só na Europa, disseram.
Preciso ir à Europa e preciso perder o medo de avião. Vou ali marcar um voo de 12 horas e encomendar duas caixas de diazepan.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
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