Penso, e às vezes faço qualquer reflexão sobre pessoas que eu deveria conhecer. Os conhecidos e amigos de amigos dos amigos que todos dizem combinar com você, e que, por (des)coincidências, nunca apareceram na sua frente. E seja por alguma parecença de linha de pensamento, semelhança física ou ainda por cisma de alguém, nasce uma interessante lista de ilustres desconhecidos que deixam a sua vida, aparentemente, "por completar".
Oficialmente parei de me preocupar com esses ditos quando pedi um certo alguém (que não me lê) de presente, e veio. Todos os gurus da autoajuda dizem para termos cuidado com o que pedimos. É verdade, tenha medo, muito medo, daquilo que pede. Pode acontecer e ser um problema maior.
Porém, como bom curioso, sei que existem por aí pelo menos três ou quatro sujeitos que são "a minha cara", outros que têm "um papo muito legal", que "você tem de sentar num bar pra tomar uma cerveja junto" e "vocês super combinam"... O de sempre, quem nunca ouviu?
Certa vez uma dessas pessoas de minha lista (que também não me lê) veio conversar. On-line, moramos em cidades diferentes. Provavelmente também eu estava na lista do lado de lá. Três minutos e acabou o assunto e ficou aquele silêncio de quem não sabe mais o que digitar para engatar o gancho de continuar conversa. Serviu, sim: para eu perder medo e preconceito e parar de achar que a criatura era por demais ensimesmada. Mas foi assim, por uma ação do outro lado, que realizei (de novo) que o tudo-a-ver dos outros não tem a ver com o meu. Ou talvez que o meu tudo-a-ver tenha de partir de mim antes de tudo.
Não que eu não acredite mais em amizades que poderiam vir a acontecer. Ou em afinidades. Penso que deixei de crer nos arranjamentos, sob qualquer aspecto. Não creio mais em amores ideais, em amigos ideais, no trabalho idealizado. Não acredito nem professo o cotidiano ideal, e me abstenho totalmente do conceito de se ser comum. Sempre serei do avesso e já fui trabalhar de pijama. O que não me faz nem mais nem menos medíocre.
Ao mesmo tempo tenho noção de que também sei ser pessoa difícil, principalmente no começo. Parte grande dos amigos me tomaram por antipático à primeira vista. Depois, com o tempo, amoleço. Parte da falta de empatia é com certeza responsabilidade minha.
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Um comentário:
Tenho pavor de arranjamentos, de qualquer espécie. Pros encontros a vida já é bastante hábil (e ultra bem humorada).
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