sábado, 5 de fevereiro de 2011

Chacoalhando

Na década de 1980, quando algumas pessoas eram crianças, eu inclusive, existia um tipo de medicamento parecido com xarope que se chamava "remédio em suspensão". Tinha uma parte líquida e uma parte mais sólida e a mãe da gente, na hora de servir, chacoalhava para misturar. Lembro de um sabor morango. Pois bem.

[Acho que não é a primeira vez que uso a analogia com o remédio em suspensão para retomar os escritos após um hiato. Mas tenho 99% de certeza de que essa ideia não é exatamente inédita, alguma criatura no mundo já fez a mesma comparação e ninguém vai voltar no tempo procurando algo que escrevi antes só para conferir. Eu não vou.]

Assim como o remédio, em suspensão, minha vontade de escrever estava parada, precisando de algum tipo de agitação para desencadear qualquer iniciativa. Porém pela lei da inércia algo que está parado tende a permanecer parado, a preguiça impera, a gente arranja tempo para tudo menos escrever, lá se foram meses. Nesses dias, enquanto produção escrita, dois textos para esse blog apagados no primeiro parágrafo, uma redação para o Enem, questões de vestibular e só.

Não pretendo relatar tudo o que aconteceu comigo nesse intervalo de tempo, não faz muita diferença ou, melhor, cabe em pouco espaço: engordei como um porco na ceva, fiz cursinho, estudei mediocremente, fiz vestibular, arranquei dente [e fui a um show de metal]. O resto não importa.

Importa de hoje em diante. Quero restabelecer um mínimo de rotina saudável (mental e fisicamente) para mim, e escrever faz parte do processo. Ajuda desde a tirar da cabeça aquelas coisas cotidianas, picuinhas que nos deixam doidos, até a refletir melhor sobre algo realmente importante. Escrever, para mim, mais que um ato de tentar aparecer e conquistar você, leitor, através das minhas voltas em torno de um mesmo ponto, é principalmente um ato introspectivo/reflexivo extremamente saudável. Por isso, e mais para isso, é bom estar de volta.

Pensei em mudar de endereço, recomeçar, e vi que não. Já estou recomeçando coisa demais e o endereço seria só detalhe. Talvez eu peça pra Rosi uma cara nova, a saber.

Como sempre é bom ter uma novidade, encerro contando um segredo. Vez por outra escrevo com música, para melhorar o meu foco [coisas de quem tem desvio de atenção]. Esse texto foi escrito ao som de Regina Spektor. Álbum Begin to hope (2006). Sempre que acontecer de eu escrever com playlist aviso aqui no fim.

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