Uma coisa que nunca aprendi foi dirigir. Na verdade nunca tentei com vontade. Não consigo afirmar que um carro faz ou não falta em minha vida, porque tudo que preciso, hoje, resolvo pelos meios de transporte convencionais: táxi, ônibus, avião e, preferencialmente, a pé.
Pela manhã venho para o trabalho de ônibus, e tenho de vivenciar a maravilhosa experiência coletiva de integração social em uma lata de sardinha. Por poucos e intensos minutos, sou um rapaz de sorte. Ônibus coletivos são úteis, mas nunca consigo desassociar duas cenas. A primeira de quando eu morava no interior e via passar na estrada aqueles caminhões com porcos para o abate. A outra de uma colega de faculdade, dizendo que a coisa mais deprimente é quando o coletivo arranca e todos balançam a cabeça no mesmo ritmo. Reparem: acontece.
Com a chegada da contemporaneidade em BH, surgiram os ônibus com portas no meio. A novidade é tão grande que o povo consegue se acumular perto da porta central, admirados com a possibilidade de descer por ali, fazendo lembrar a época em que eu ia para a rua, lá no interior, quando passava um avião. Aí o que era para se tornar facilidade vira desafio. Para se chegar na parte de trás (entra-se pela porta da frente nos ônibus em BH), é preciso desbravar praticamente a facão uma multidão aglomerada no meio do coletivo.
Hoje, seguindo para o trabalho, reparei outra "novidade". Para mim foi a primeira vez. A porta traseira estava protegida por duas divisórias, criando um corredor, uma pequena baia (na falta de melhor termo), que permite que apenas um passageiro desça por vez. Não sei a finalidade daquilo, talvez evitar que alguém empurre o outro no chão, algo que já quis fazer várias vezes, mas sei que me senti ainda mais animalizado por conta daquela divisória. Fora que ela é extremamente restritiva, alguém com circunferência acima de 100cm (a minha – shame on me) não passa ali sem algum esforço.
A não ser que a prefeitura esteja começando uma campanha contra a obesidade, o sentido principal da divisória na parte de trás deve mesmo ser tornar a viagem cada vez mais emocionante. Afinal, nós, gordinhos, vamos agora preferir ficar pela frente, tornando a barreira humana da porta do meio ainda mais encorpada. E os magrelos que aprendam salto com obstáculos para poder passar. Afinal, para que facilitar, não é verdade?
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
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Um comentário:
No dia em que vc aprender a dirigir, vai poder sentir o PODER nas suas mãos. A VELOCIDADE. O RUGIR do motor. Vai querer agredir outros motoristas que fazem barbeiragens.
Vc entra no carro e vira outro bicho.
Vale a experiência.
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