Minha última viagem, agora no carnaval, foi útil para diversas coisas. Em primeiro lugar, como sempre, para ajudar a perder o medo de avião. São Pedro resolveu cooperar, e providenciou céus de brigadeiro tanto na ida quanto na volta. O voo só não foi mais tranquilo por falta de tempo. De Belo Horizonte ao Rio de Janeiro são, em uma aeronave Tam A320, 45 minutos no ar. Daí que não dá nem para comer a comidinha direito. Mal o comissário de bordo chegou no meio da fileira o comandante avisa que estamos em processo de descida. Uma coisa que notei, agora que voltei a voar, é que o piloto parou de avisar que estamos em velocidade de cruzeiro, a nove mil pés, com a temperatura de 26 graus negativos. Muita gente deve ter reclamado.
Também reparei que preciso urgente trocar as minhas malas. Não que eu não goste delas, pelo contrário. Sempre viajei com bagagens peculiares: uma bolsa amarela e uma mala vermelha de rodinhas. Dessa vez, como ficaria apenas para o carnaval, levei "só" 14 quilos de bagagem, apenas a mala vermelha. Não usei nem metade, o que é perfeitamente compreensível. Mas eu preciso trocar de malas pelo simples motivo de que o mundo todo resolveu copiar a ideia. Antes, quando desembarcava, vinham aquela fileira de malas pretas ou azul-marinho, uma ou outra marrom, e as minhas bolsinhas coloridas lá na esteira. Quando desci no Rio vi que a coisa mudou, o carnaval tinha começado já no desembarque. Nunca tinha visto tanta mala vermelha, laranja, e até mesmo uma lilás com estampa branca. Todas com fitinhas coloridas "para não misturar". Daí que vou na contramão e quero uma mala preta quadrada. Para não perder.
Finalmente, vi o quanto o ser humano, seja ele rico ou pobre, é agarrado a suas posses. Tirando liquidação de loja, esteira de bagagem em aeroporto está concorrendo a top falta de educação no mundinho contemporâneo. O princípio de entrega das bagagens é simples e óbvio: uma esteira onde a sua mala é posta e fica dando volta até ser resgatada. Ou seja, se ela desfilou na esteira a primeira vez e entrou de volta na portinha, ela retorna tal como foi colocada. Sabiam? Pois meus colegas de voo não tinham noção disso. Quem olhasse de fora iria dizer que estavam dando comida a flagelados da seca. A bolsa despontava lá na entrada e era um furor uterino para resgatar a mala como se a sobrevivência da pessoa dependesse exclusivamente daquilo. E dá-lhe empurrão, carrinho em cima do vizinho, e eu juro que ouvi um grito. Se antes eu dizia que só se conhece de verdade uma pessoa no fórum, agora acho que dá para ter uma breve noção também na hora de pegar as malas de viagem.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário